Sumario: |
A partir de abordagens recentes sobre geografias afetivas e sobre as ligações entre memória e espetralidade, este artigo analisa os imaginários aquáticos de um conjunto de obras argentinas e chilenas: trabalhos audiovisuais, fotografias e instalações como El botón de nácar (Patricio Guzmán, 2015), Los durmientes, El exilio imaginado (Enrique Ramírez, 2012-2014), Las aguas del olvido (Jonathan Perel, 2013) delineiam uma “cartografia afetiva” que cria formas de “estar juntos” na perda. As obras de Patricio Guzmán, Enrique Ramírez e Jonathan Perel aludem aos chamados «vôos da morte» e ao terrível uso que as ditaduras da Argentina e do Chile fizeram do Rio da Prata e do Oceano Pacífico para «descartar» dissidentes e «afogar» a verdade – ao mesmo tempo que transgridem os limites geográficos e históricos convencionais. Estes filmes, vídeos e instalações subvertem cartografias estabilizadoras e servem-se do anacronismo para refletir acerca dos significados contraditórios da água enquanto fonte de vida, epicentro de culturas e cemitério tanto das vítimas das ditaduras quanto de grupos indígenas e de migrantes contemporâneos. Por outro lado, estas obras insistem numa «estética dos afetos» que torna possível “tocar” eventos, espaços ou assuntos esquecidos e construir pontes entre diferentes memórias e geografias no presente. |
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