Sumario: |
O Brasil é o paÃs com a maior biodiversidade do mundo, o que não se reflete na dieta da população, que obedece um regime monótono baseado em poucas espécies alimentÃcias. Os condimentos seguem a mesma lógica, sendo que os mais consumidos no paÃs são espécies exóticas, muitas vezes cultivadas em outros paÃses e importadas. A exploração sustentável dos recursos vegetais, inclusive espécies condimentares, pode representar a valorização e resgate cultural, preservação do meio ambiente com a exploração de recursos florestais não madeireiros, geração de renda para toda a cadeia produtiva, desenvolvimento de novos produtos e pode trazer benefÃcios na saúde coletiva com a diversificação da alimentação e uso de substâncias bioativas. Ao longo do trabalho são abordados diferentes aspectos referente a prospecção de plantas condimentares no Brasil. Partindo de questões relativas a legislação e normatização ao longo da revisão, no primeiro capÃtulo é abordado o uso histórico de plantas condimentares e alimentÃcias no Brasil colonial; na sequência é analisado o mercado de plantas condimentares, especificamente de insumo (sementes) e os produtos disponÃveis nos mercados e por último é realizada uma análise sobre as plantas condimentares disponÃveis no Brasil. No capÃtulo 1, através de análises de trabalhos de 18 autores que estiveram no Brasil entre os séculos XVI e XVII são levantadas 729 citações de plantas alimentÃcias, das quais foi possÃvel identificar 124 espécies. Destas, 60% eram nativas. Em um curto perÃodo foram introduzidas diversas espécies exóticas no paÃs. Entre as plantas condimentares, as pimentas do gênero Capscicum eram as mais importantes e entre as alimentÃcias a mandioca, abacaxi, batata-doce e milho foram as mais citadas. É possÃvel dizer que neste perÃodo ocorreu uma rápida e intensa troca de plantas com outras regiões do mundo. A presença de espécies exóticas e naturalizadas, nativas da Américas, evidenciam a intensa troca entre populações indÃgenas. Muitas espécies nativas caÃram em esquecimento e desuso e seu resgate poderia contribuir com a preservação destas espécies e de seu ambiente de ocorrência. No capÃtulo 2, o objetivo foi compreender aspectos sobre o mercado de plantas condimentares no Brasil, com foco nos insumos disponÃveis para os produtores e produtos disponÃveis ao mercado consumidor. Para a análise do mercado de insumos de plantas condimentares foram analisados os catálogos de 12 empresas que trabalham neste segmento. E para o estudo dos condimentos disponÃveis no mercado brasileiro foram analisados os catálogos de 62 empresas que trabalham neste setor no Brasil. Entre as empresas de sementes que atuam no Brasil são comercializadas 55 espécies consideradas condimentares, com maior destaque para as hortaliças-condimento e as pimentas do gênero Capsicum. Sobre os produtos disponÃveis no mercado para consumidores, foram encontradas 107 tipos de condimento simples (não misturado) e 145 temperos mistos, entretanto nas duas categorias poucas espécies ou misturas são brasileiras. Com estes dados é possÃvel ponderar que a produção de diferentes espécies cultivadas fica limitada ao acesso à s sementes e mudas disponÃveis no mercado e que o mercado de plantas condimentares no Brasil é bem estabelecido, mas dominado por espécies exóticas e produzidas, em grande parte, fora do paÃs, enquanto espécies nativas do Brasil são negligenciadas e poderiam ocupar um espaço maior no mercado nacional. No capÃtulo 3, foi estudada a ocorrência e o uso de plantas condimentares no Brasil, a partir de ampla revisão de literatura. Das 923 espécies com uso condimentar disponÃvel no Brasil, 499 são nativas do paÃs, entretanto, ainda muitas são subutilizadas. As plantas levantadas foram divididas em 22 categorias de uso. A distribuição das plantas pelo Brasil por estados e biomas reflete de certa forma a biodiversidade de cada região, assim como o número de estudos e coletas realizadas por região. Existem diversas oportunidades interessantes para a exploração econômica destas plantas, faltando entretanto estudos sobre sua composição quÃmica e segurança, além de trabalhos sobre seu manejo sustentável e nÃvel de conservação. Neste processo questões referentes a conservação de cada espécie, porte e hábito de crescimento devem ser levadas em conta. Com todos os resultados obtidos, é possÃvel concluir que apesar de bem estabelecida, a cadeia produtiva de plantas condimentares ainda possui algumas limitações, sobretudo no cultivo comercial no Brasil e a exploração de espécies nativas do Brasil. A produção delas ainda é restrita assim como a sua disponibilidade em apenas alguns setores do mercado. Ainda há um enorme potencial para o uso de plantas nativas do Brasil na alimentação humana. Mas seriam necessários estudos referentes a composição, segurança, manejo e produção de cada uma destas espécies, para viabilizar sua exploração sustentável. Este estudo não esgotou o assunto sobre o tema, visto que outras espécies podem ser adicionadas ou retiradas destas listas, de acordo com novos trabalhos que surgirem. |
Excepto si se señala otra cosa, la licencia del item se describe como Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International