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No Brasil, a relação entre arte e natureza foi muito comum no segundo grupo do Romantismo brasileiro. O sentimento da natureza, nas palavras de Afrânio Coutinho (1969), transformou-se ‘quase numa religião’, pois os escritores se deixaram fascinar pelo caráter majestoso e potencialmente essencial da natureza. Esse comportamento pode ser percebido já nos primeiros românticos, que, segundo Heine (1991), agiam por um instinto panteísta sem que eles mesmos pudessem assimilar. Partindo desse pressuposto, a proposta desse trabalho é traçar um estudo sobre a relação de harmonia entre homem e natureza nos romances indianistas ‘O Guarani’ (1857), ‘Iracema’ (1865) e ‘Ubirajara’ (1874), de José de Alencar; em outras palavras, discutir, sob a perspectiva panteísta, a conciliação entre arte e natureza, à luz do Romantismo, além da sua implicação na obra indianista, identificando as nuances e as particularidades nos romances do autor cearense. Para isso, este trabalho está dividido em três momentos: no primeiro, elaboraremos os princípios históricos e estéticos do Romantismo (brasileiro), acreditando, por exemplo, ser a inspiração e a imaginação faculdades responsáveis em estetizar a natureza; no segundo momento, faremos uma análise da organicidade da natureza nos romances indianistas, mostrando que Alencar conseguiu edificar em uma unidade os múltiplos componentes da natureza – noção baseada na filosofia da natureza, de Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling. Por fim, apresentaremos similitudes entre os romances indianistas e as epopeias homéricas, a fim de ressaltar que José de Alencar se vale de caracteres épicos para elaborar uma substância essencial no mundo primitivo no qual seus heróis indígenas transitam. Isto posto, reputado por muitos como o fundador de uma literatura nacional autêntica, o autor de ‘Sonhos d’ouro’, no entanto, vai além no seu papel de colaborador no processo de nossa autonomia literária e cultural, uma vez que revelou também em sua obra um profundo conhecimento estético, histórico e filosófico, o que universaliza o seu pensamento. |
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