Sumario: |
A obra literária de José MarÃa Arguedas nasce no contexto do indigenismo literário peruano. O indigenismo foi um traço marcante de todo um movimento cultural inspirado na preocupação com a posição dos indÃgenas na sociedade e na criação de uma legÃtima identidade latino-americana no século XX. No Peru destacam-se inúmeros movimentos e manifestos baseados no indigenismo, seja na literatura, nas artes plásticas e mesmo na fotografia. No cenário polÃtico a obra de José Carlos Mariategui é um pilar estrutural, principalmente por sua relação com as questões que incutem no indigenismo. Conduzida por esta conjuntura efervescente, a obra literária de José MarÃa Arguedas emerge – assim como a de outros escritores, como Ciro AlegrÃa – na busca por modificar o viés contemplativo que pairava sob uma cultura indÃgena assaz afastada de seu sentido original, passando assim a um viés contestatório e engajado. A trajetória de Arguedas é peculiar neste Ãnterim, já que boa parte de sua produção procede em Lima e se remete aos Andes, caracterizando o desenraizamento de um intelectual criado até praticamente a adolescência sob a balizas do idioma quéchua. Além disso, ao focar sua narrativa na valorização da tradição indÃgena, como ferramenta de resistência à s práticas modernizadoras, ressignifica essa relação com a modernidade. Mirando, em certos momentos, a inserção da cultura quéchua no patamar moderno, já em outros, em uma tentativa de frear a ocidentalização andina. Esta biculturalidade, ligada a um ideário que abarca certo tipo intelectual de sua época, somados a uma ideia da escrita literária por vocação – con sangré, como gostava de afirmar – são os alicerces deste trabalho para compreender a relação da obra deste autor com a leitura histórica da sociedade. |
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