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Estimativas de tamanho, densidade e composição de grupos de primatas são recorrentes na literatura de primatologia, uma vez que constituem uma base sólida para estudos posteriores, inclusive em Ecologia de paisagem e Etologia. Adicionalmente, são essenciais para se conhecer o estado de conservação de espécies em uma dada área. Nesta perspectiva, as formas de uso do ambiente natural por comunidades tradicionais podem alterar a dinâmica das populações de primatas e assim constituir uma ameaça à manutenção destas espécies em longo prazo. Logo, aliar o conhecimento sobre os aspectos populacionais de uma espécie e suas ameaças latentes na área que ocupa é o primeiro passo para inferir sobre seu estado de conservação. O objetivo deste trabalho foi identificar os locais de ocorrência, tamanho, abundância, densidade e composição sexo-etária de primatas não humanos em remanescentes florestais da Terra Indígena Potiguara, na Paraíba, bem como investigar as atividades cinegéticas e a exploração de recursos madeireiros exercidas pela comunidade indígena. Entre agosto de 2013 e dezembro de 2014, foram realizadas entrevistas e turnês guiadas para a validação da ocorrência das espécies e identificação das atividades antrópicas exercidas na área de estudo, bem como empregados os métodos de transecção linear e armadilhamento fotográfico para o levantamento populacional dos primatas nos remanescentes com ocorrência confirmada. O macaco-prego-galego (Sapajus flavius, Schreber, 1774) apresentou uma reduzida taxa de encontro, muito embora esteja bem distribuída na Terra Indígena (TI) Potiguara e sua estrutura etária sugira alta taxa reprodutiva. Em contrapartida, o guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul¸ Linnaeus, 1766) ocorre provavelmente em restritas manchas de habitat, sendo localizada em apenas dois pontos no interior da área de estudo. A incipiência de informações aqui obtidas para A. belzebul pode refletir um cenário pretérito de elevada caça da espécie por indígenas. O sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus, Linnaeus, 1758), por sua vez, exibe densidade relativamente alta quando comparada a outras áreas de Floresta Atlântica no Nordeste, porém, seus grupos possuem um tamanho médio reduzido. A extração de madeira tem grande representação na TI Potiguara, constituindo a perda de hábitat como a principal ameaça atual aos primatas que lá habitam. Todas as tensões econômicas oriundas da ocupação dos espaços rural e urbano devem, possivelmente, ter influenciado o modo pelo qual estas populações tradicionais utilizam os recursos de seu entorno. Portanto, com os resultados deste estudo esperamos contribuir para fortalecer estratégias de curto e longo prazo, tais como a fiscalização junto aos órgãos ambientais responsáveis e a elaboração de alternativas econômicas rentáveis no contexto sociocultural, unindo forças junto à esfera do poder público, uma vez que identificar os diversos valores que as comunidades locais embutem aos componentes do ambiente natural, é elementar para a condução de estratégias de conservação eficazes. |
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