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Imprescindível na manutenção das condições de acumulação do capital, o regime alimentar e a sua etapa corporativa fazem surgir os impérios alimentares, modos de ordenamento que trazem em si o potencial de controlar integralmente a produção, distribuição e consumo de alimentos. Em que pese a sua abrangência global, o controle atualmente exercido pelos impérios alimentares se realiza, efetivamente, na escala de cada um dos municípios produtores, o que evidencia a necessidade não apenas da articulação de escalas para o entendimento dos processos, mas, principalmente, da importância de pensar a produção ativa da mesma, estratégia pela qual é possível apontar caminhos para a superação das relações de dependência subentendidas às grandes cadeias de abastecimento. Nesse contexto, a expansão de monoculturas como a cana-de-açúcar e a consequente redução local e regional da produção de alimentos reforça a separação que permite aos impérios alimentares controlar produtores e consumidores. Isto posto, a partir dos referenciais teóricos e conceituais da Geografia, este trabalho tem por objetivo demonstrar a validade da tese de que a expansão da cana-de-açúcar implica na redução da produção de alimentos hortifrútis e, com isso, no aumento das distâncias percorridas pelos alimentos. No estado de São Paulo, a expansão do agronegócio sucroenergético pressupõe a incorporação crescente de áreas anteriormente utilizadas para outros tipos de cultivo, o que inclui, inevitavelmente, alimentos. Com isso, a produção destes passa a ser dificultada e reduzida, sobretudo nas escalas local e regional, com especial gravidade nas áreas “novas” de expansão canavieira, como a região Oeste do estado. Consequentemente, para que a alimentação, entendida como o encontro entre produção e consumo de alimentos, seja realizada, mais distâncias são acrescentadas, o que implica no aumento dos gastos com transporte e armazenamento, dos desperdícios e, também, dos preços para os consumidores, o que reduz o acesso das famílias aos alimentos. De tal modo, da produção no campo até as mesas dos consumidores finais, o atual regime alimentar corporativo submete a comida a um tipo de périplo da degradação, no qual o afastamento cada vez maior entre produção e consumo define e redefine os limites da “agonia da comida”. Assim, com base em dados estatísticos e informações de campo, analiso, no período de 2006 a 2017, a evolução da produção paulista de hortifrútis em relação à evolução da área canavieira. Além disso, como subsídio à compreensão do movimento dos alimentos hortifrútis da produção à distribuição, analiso os casos das unidades da CEAGESP de Araçatuba/SP, Presidente Prudente/SP, Ribeirão Preto/SP, São José do Rio Preto/SP e São Paulo/SP. Enquanto referência para os estudos sobre os significados do movimento dos alimentos no espaço, apresento também o debate sobre a segurança e a soberania alimentar, de maneira a destacar as diferentes concepções, interesses e prioridades em termos de produção e abastecimento alimentar. |
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