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Existem muitos estudos na literatura acerca da região centro-mineradora no século XVIII, em contrapartida, as demais regiões do estado e os séculos que não o do ciclo do ouro ainda não foram tão bem investigados. Os estudos relativos ao território mineiro no século XIX são, em grande medida, direcionados a outras regiões que não o Leste, é o caso das regiões Central, Sul e da Mata, onde o contingente populacional e a dinâmica econômica chegaram mais cedo que no Leste do estado. O Sertão de Leste de Minas foi uma das últimas, se não a última região a ser ocupada naquela província, mantendo-se inabitado por determinações reais até o ano de 1808. Desde então começa seu efetivo desbravamento e ocupação, passando por várias fases (Primeiro Reinado, Regências, Segundo Reinado e início da República). Dessa forma, esta dissertação de mestrado analisa as peculiaridades de tal ocupação presentes ao longo desse intervalo de tempo. O objetivo que norteia a dissertação é: entender os motivos que transformaram o Sertão de Leste em território, o que implica em estudar as decisões políticas (nas esferas central e local) referentes ao desbravamento e ocupação do Sertão de Leste e a organização espacial das atividades econômicas e da população lá instaladas no decorrer do século XIX. Foram levadas em consideração as características físicas, seus entraves e possibilidades; a relação com os indígenas; os planos e ações dos personagens locais, das autoridades metropolitanas ou nacionais (dependendo do período) e as mudanças devidas a alteridade territorial fruto dessa relação entre as escalas de ordem vasta e local; que foram ocorrendo ao longo da empreitada de desbravar o Sertão de Leste e na medida em que a ocupação foi se consolidando, transformando-o em território propriamente dito. Houve ainda a tentativa de entender quais foram as mudanças na esfera política central e nos planos relativos à porção leste de Minas e como elas influenciaram as ações locais mas dando atenção também às influências sofridas pelas escalas superiores mediante a relação prática com a escala local. Foram utilizados como referencial teórico os preceitos geo-históricos, segundo os quais os estudos que investigam a história de uma região não devem negligenciar as peculiaridades espaciais e nem as relações entre o espaço e os grupamentos humanos que nele se instalam ou o utilizam para obter vantagens econômicas. Sendo assim houve uma inspiração da escola dos Annales e dos estudos Braudelianos na medida em que esses buscam a relação entre os homens, o tempo e o espaço; além ainda de procurarem fontes e métodos presentes não só na ciência histórica, mas também em outras ciências das quais a geografia merece destaque. Para dar conta de tal empreitada foram utilizados documentos primários, mapas e relatos de época, associando-os à bibliografia mais recente elaborada acerca daquela porção do território mineiro. Assim buscou-se preencher parte da lacuna sobre a história não só socioeconômica e demográfica, mas também espacial, de Minas Gerais, dando atenção à porção leste do território ao longo do século XIX. |
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