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O ângulo de fase (AF) é um dos parâmetros da bioimpedância elétrica que tem sido interpretado como indicador da saúde celular e, consequentemente, como uma importante ferramenta preditora dos diferentes estados de saúde. No entanto, apesar da importância dessa ferramenta, existe uma escassez de valores de referência do AF que sejam generalizáveis. Sendo assim, esta tese originou dois artigos que tiveram como objetivos estimar os valores de referência para o AF da bioimpedância elétrica e os determinantes do AF. O primeiro foi uma revisão sitemática e o segundo um estudo com delineamento transversal com dados de uma amostra da população brasileira. A revisão sistemática com meta-análise está publicada na revista Clinical Nutrition (DOI: 10.1016/j.clnu.2019.07.004) e buscou, de forma sistemática, artigos que descreveram as médias do AF em indivÃduos saudáveis e os determinantes do AF nas bases de dados MEDLINE, EMBASE, Registro de Ensaios Controlados da Cochrane, SCIELO, LILACS, CINAHL e Web of Science, e na literatura cinzenta. A revisão selecionou 46 estudos que incluiram um total de 249.844 indivÃduos. Os resultados desses estudos foram sintetizados por meio de meta-análise com modelo de efeitos aleatórios em separado para homens e mulheres, estratificando por faixa etária. As análises mostraram que os homens têm uma estimativa média do AF de 3,6 (IC95%: 3,0-4,1) nos primeiros anos de vida, aumentando progressivamente para 7,3 (IC95%: 7,0-7,5) na adolecência, estabilizando durante a idade adulta e diminuindo progressivamente nas idades mais avançadas, com uma estimativa média de 5,3 (IC 95%: 4,5-6,0) para idosos acima de 80 anos. Da mesma forma, as mulheres apresentaram estimativas médias de 3,7 (IC95%: 3,2-4,3) nos primeiros anos de vida, aumentando progressivamente para 6,4 (IC95%: 6,1-6,8) na adolescência, estabilizando durante a idade adulta e diminuindo progressivamente nas idades mais avançadas, com uma estimativa média de 5,4 (IC 95%: 5,3-5,6) para idosos acima de 80 anos. O estudo com delineamento transversal incluiu, por conveniência, uma amostra de 2146 indivÃduos saudáveis de 5 a 80 anos de ambos os sexos, sendo 1189 (55,2%) mulheres. As estimativas e os determinantes associados ao AF foram calculados separadamente para os homens e para as mulheres por meio do Modelo Aditivo Generalizado para Localização, Escala e Forma. Em ambos os sexos, o AF mostrou um aumento dos valores médios da infância para a adolescência, seguindo de uma estabilização dos valores durante a idade adulta e uma diminuição nas idades mais avançadas. Os determinantes associados com as estimativas do AF para os homens foram a idade (p<0,001) e as categorias: ativo (p=0,008), sobrepeso (p=0,008), obesidade (p=0,006), cor da pele negra (p<0,001), cor da pele parda, indÃgena ou amarela (p<0,001) e a interação da idade com cor da pele negra (p<0,001), cor da pele parda, indÃgena ou amarela (p<0,001). Já para as mulheres os determinantes foram a idade (p<0,001) e as categorias: maior nÃvel de renda familiar (p<0,001), sobrepeso (p=0,070), obesidade (p<0,001), cor da pele negra (p<0,001), cor da pele parda, indÃgena ou amarela (p=0,404) e a interação da idade com renda familiar (p<0,001). Ambos os estudos identificaram que os valores do AF apresentam um aumento progressivo da infância até a adolescência, um perÃodo de estabilização na idade adulta e depois um decréscimo nas idades mais avançadas. O estudo com delineamento transversal também identificou que homens e mulheres apresentam diferentes fatores determinantes associados com as estimativas do AF. Esses achados reforçam a necessidade das estimativas do AF serem consideradas de forma independente para os sexos e que variáveis biológicas e sociais devem ser consideradas na análise desse desfecho. |
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