Repositorio Bibliográfico Biocultural

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Sumario: A região correspondente ao interflúvio Tapajós-Madeira, historicamente habitada pelos índios Tupí-Kawahíva, dentre os quais os Piripkura, vem sofrendo profundas transformações na sua paisagem natural, desde a década de 1940. Tal fato gerou a redução das populações indígenas nessa região da Amazônia Meridional, causando profundos impactos negativos na sua organização social, como é o caso dos índios Piripkura, assim como tem reduzido as formações vegetais nativas a fragmentos de diferentes tamanhos na área atualmente interditada pela FUNAI, denominada Terra Indígena Piripkura, com registros confirmados de dois índios homens da referida etnia. O presente trabalho discorre sobre a ocupação do território tradicional dos Piripkura por não-índios, considerando os impactos das ações destes últimos no Conhecimento Ecológico Tradicional dos indígenas (CET-Piripkura) e também no ecossistema em que esse conhecimento se desenvolve. A pesquisa foi realizada com base nos relatórios técnicos, principalmente aqueles produzidos pela Frente de Proteção Etnoambiental Madeirinha-Juruena (FPE-MJ), em incursões a campo para conhecer o meio físico e biótico da TI-Piripkura e, também, na convivência com uma índia Piripkura e com um membro da FPE-MJ, que atua junto aos Piripkura, desde 1999, data do primeiro contato oficial da FUNAI com esses índios. Os resultados demonstram que o CET-Piripkura praticado pelos dois indígenas corresponde à uma fração do original, em função do uso de uma reduzida parcela da biodiversidade e das estratégias empreendidas para acessá-la. Demonstram, ainda, o uso de área mais restrita do território tradicional indígena, o que está relacionado às ações de não-índios que interferem diretamente na dinâmica de uso e ocupação do espaço geográfico pelos índios. A reprodução física e cultural dos Piripkura depende da prática do CET-Piripkura, a qual está intrinsicamente relacionada à qualidade ambiental do ecossistema, situação que não condiz com a política de expansão econômica em voga na Amazônia Meridional. A sobrevivência dos Piripkura depende de um território livre de influências antrópicas de não-índios.

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