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Este ensaio objetiva examinar como, em O Karaiba, Daniel Munduruku reclama a memória ancestral pré-cabralina O ensaio divide-se em duas seções: na primeira examina-se como, a partir dos desenvolvimentos causados por uma hipotética profecia acerca da futura brutalização da terra e dos povos que nela habitavam, o autor desconstrói a imagem do indÃgena como ser selvagem e atrasado, e inscreve a importância de memória corporificada, forte e profundamente vinculada a um espaço vivenciado e cultuado. Na segunda parte reflete-se como, desfeito o vÃnculo entre uma cultura e o solo de que se alimenta, vêm a desaparecer as velhas formas memoriais. Embasam o estudo, sobretudo, reflexões sobre a cultura indÃgena de autoria de Mundurku (2000) e Eliane Potiguara (2004), bem como estudos sobre a natureza da memória social, especialmente em comunidades fechadas, de Maurice Halbwachs (2003), Joel Candau (2011) e Aleida Assmann (2011); os conceitos desses pesquisadores são modalizados para se adaptarem ao contexto da cultura indÃgena em estudo. A relação entre solo, memória e cultura é pensado, ainda a partir das ressonâncias do verbo latino colo segunda expostas por Alfredo Bosi (1992). |
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