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Resumo A existência de um monstro conhecido como Mapinguari é amplamente registrada em inúmeras localidades na Amazônia. Os Karitiana, povo de língua Arikém (Tupí) que habita o estado de Rondônia, também discorrem sobre o Mapinguari – termo com o qual eles nomeiam, em português, o monstro que, na sua língua, chamam Owojo ou Kida harara –, relatando terríveis encontros com a criatura nas matas regionais. Nesse sentido, se o Mapinguari vem sendo tratado pela literatura como exemplo de crença ou de folclore, para os Karitiana não parece haver dúvidas sobre sua realidade – ou seja, não parece se tratar de uma crença, mas de um dado deste mundo indígena –, o que pode ser apreendido facilmente nos efeitos que a presença do ‘bicho’ (kida) – modo como os Karitiana conceituam os seres perigosos das matas – têm no cotidiano indígena, incluindo as formas pelas quais este grupo indígena ocupa e explora seu território. Soma-se a esta controvérsia a sugestão, por parte de alguns pesquisadores, de que o Mapinguari pode ser o que restou das preguiças gigantes, animais considerados extintos, mas que alguns julgam ainda habitar certos recônditos amazônicos. É sobre este diálogo entre crenças folclóricas, ontologias indígenas e hipóteses científicas que este trabalho se debruça. |
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