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O romance Quarup, publicado no auge da ditadura militar, apresenta, através do ponto de vista das personagens, diversas teorias sobre o Brasil e os movimentos sociais ocorridos no País num período de aproximadamente dez anos, iniciando na década de 1950 e alcançando o ano de 1964. Discussões sobre o conturbado momento político brasileiro, a influência estrangeira, a questão indígena, o surgimento dos sindicatos de trabalhadores rurais no Brasil, o método de ensino criado por Paulo Freire, a implantação de um projeto das esquerdas que promoveria igualdade social e valorização do homem, e a derrubada deste projeto pelo do “milagre brasileiro”, revelando uma polarização entre esquerda e direita política, dão mostra da diversidade de temas abordados nesta obra. O romance, ora apresenta o “psicodelismo” das paisagens urbanas do Rio de Janeiro, ora debate o engajamento político em cenários de Pernambuco, ou transporta o leitor para a exuberância das terras do Xingu, na selva brasileira. Ficcionalizando fatos históricos enquanto discute a identidade nacional, Quarup constitui matéria importante ao estudo da formação da narrativa brasileira e das tensões entre a forma literária e a dinâmica social. Este ensaio pretende apreciar esses aspectos da narrativa de Antonio Callado buscando identificar a que Brasil ela alude. |
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