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A relativa escassez de estudos sobre os determinantes do BPN em povos indígenas, além da possível diferença nos seus determinantes em decorrência das suas diferentes condições de vida levou à realização de revisão sistemática para identificar os fatores associados ao BPN em crianças indígenas do mundo, caracterizando fatores etiológicos associados à prematuridade e ao crescimento intrauterino insuficiente (CII). Foram identificados vinte e quatro estudos, a maioria deles nos EUA, Canadá e Austrália. Os fatores associados ao CII e à prematuridade foram semelhantes aos observados nos não indígenas: incluindo condições obstétricas desfavoráveis, desnutrição materna, tabagismo e idade materna nos extremos da idade fértil. Para o BPN, soma-se a esses fatores, as características ambientais, localização geográfica e acesso limitado aos cuidados de saúde nas comunidades indígenas. Os fatores etiológicos para BPN em povos indígenas ainda recebem pouca atenção, particularmente na América Latina. Nos estudos analisados observaram-se limitações nas informações sobre etnicidade, idade gestacional e fatores culturais, importantes para o estudo do BPN, particularmente na população indígena. Novos estudos devem apresentar explicitamente os critérios utilizados para definir etnicidade e maior clareza sobre a fonte da informação sobre a idade gestacional, além de investigar as variáveis contextuais e culturais dos grupos estudados. A sistematização desses determinantes norteou as análises do segundo artigo ―Fatores de risco para Baixo Peso ao Nascer, Prematuridade e Crescimento intrauterino insuficiente na Primeira Coorte de Nascimento Indígena no Brasil‖. Foi realizado um recorte transversal a partir da linha de base da primeira coorte de nascimentos indígenas no Brasil conduzida em 55 aldeias Guarani no Sul e Sudeste do país. O período de recrutamento de nascimentos ocorreu entre 01/06/2014 a 31/05/2016. Estimou-se as prevalências de BPN, prematuridade e crescimento intrauterino insuficiente e seus fatores de risco. As prevalências de BPN, prematuridade e CII foram de 14,4%, 18,7% e 6,0% respectivamente. As variáveis associadas ao BPN no modelo final foram o uso principal do fogo de chão (OR: 2,46 / IC95%: 1,05-5,75), o uso de material alternativo para forrar a parede ou teto do domicílio (OR: 2,7 IC95%: 1,25-5,8), primiparidade (OR: 2,28/ IC95%: 1,16-4,45), < 6 consultas de pré-natal (OR=1,98/IC95%:1,04-3,77) e anemia (OR=12,3/IC95%: 2,96-51,14). No modelo final para prematuridade manteve-se a idade materna menor que 18 anos (OR: 1,94/ IC95%:1,09-3,47) e menos que 6 consultas de pré-natal (OR: 2,9/ IC95%: 1,33-4,05). Para o crescimento intrauterino insuficiente, manteve-se significativo a primiparidade (OR: 3,11/ IC95%: 1.25-7,74), infecção urinária (OR: 2,87/IC95%: 1,13-7,31) e tabagismo materno (OR: 4,24/ IC95%: 1.06-16.99). Neste estudo identificamos prevalências de BPN, prematuridade e crescimento intrauterino insuficiente superiores as verificadas na maioria da literatura publicada, tanto em povos indígenas quanto em povos não indígenas de diferentes países. Ambos os estudos, indicam que os desfechos analisados estão associados a fatores de risco modificáveis por meio de ampliação do acesso oportuno e qualificado ao pré-natal e mostraram causas comuns relacionadas à pobreza e acesso limitado aos cuidados de saúde, as quais podem ser abordadas com o objetivo de reduzir a morbimortalidade relacionada. Este estudo reforça ainda, a importância dos determinantes sociais e ambientais na determinação do BPN. |
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