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Taxas de mortalidade por suicÃdio mais elevadas são recorrentemente encontradas em indÃgenas quando comparadas a populações circunvizinhas, inclusive em São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, municÃpio brasileiro com maior percentual de autodeclarados indÃgenas. Entender como o suicÃdio é representado em contextos indÃgenas especÃficos é uma dimensão qualitativa, pouco explorada e relevante. O objetivo deste artigo foi analisar sete narrativas sobre suicà dio de um kumu (curandeiro tradicional) da mais populosa comunidade indÃgena de São Gabriel da Cachoeira. No processo analÃtico-interpretativo realizou-se uma dupla hermenêutica, ou seja, inter pretar a interpretação do narrador, buscando apoio na literatura etnográfica clássica e contemporânea, nas teorias sobre o processo de construção da pessoa e do parentesco no contexto amerÃndio. A análise das narrativas permitiu reconstruir o suicÃdio como um fenômeno associado a conflitos que se anco ram profundamente em aspectos socioculturais e históricos dos povos indÃgenas daquela região, que remetem a tensões intergeracionais, de gênero e no campo do parentesco. O gerenciamento desses con flitos parece estar comprometido, já que estratégias tradicionais parecem perder a eficácia simbólica e outras não foram adequadamente encontradas para substituÃ-las. O consumo de álcool, embora seja um elemento importante para compreensão do suicÃdio, não deveria ser tomado como elemento explicativo central, mas, sobretudo como um catalisador desses conflitos. |
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