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Em escala global, os indígenas, de maneira geral, constituem um segmento populacional vulnerável, apresentando indicadores sociodemográfico, econômico e de saúde piores do que o restante da população. Um fenômeno já observado em outros países diz repeito ao aumento de indígenas residentes em áreas urbanas, especialmente em áreas periféricas. Os censos realizados no Brasil ao longo das três últimas décadas evidenciaram que entre 40% e 50% dos indígenas residiam em áreas urbanas. Com o objetivo de caracterizar a população indígena do Estado do Rio de Janeiro e da área urbana da sua região metropolitana buscou-se através de indicadores sociodemográficos e econômicos, verificar sua distribuição espacial e as características do domicílio (saneamento e entorno), com base nos dados dos Censos Demográficos 2000 e 2010. Esta tese encontra-se estruturada no formato artigos. O primeiro, que compara os Censos 2000 e 2010, evidenciou que a maioria dos indígenas do Estado residia, em ambos os censos, em área urbana e na mesorregião Metropolitana do Rio de Janeiro. Contudo, as respostas positivas para as perguntas sobre língua indígena falada no domicílio e etnia (Censo 2010) se mostraram mais pronunciadas na área rural. Foram identificadas ainda mudanças nos indicadores referentes à renda, composição etária e tipo do setor de residência. O segundo artigo explorou dados de 2010 através de análises espaciais com foco nos setores censitários urbanos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Verificou-se que os indígenas residiam majoritariamente nas zonas Sul e Centro do município do Rio de Janeiro, aproximando-se mais do padrão de distribuição espacial da população branca. Foi constatado também que na maioria dos setores (75%) não havia indígenas e que em 20% daqueles com indígenas havia um único residente indígena. A composição etária dos indígenas por sexo diferiu das demais categorias de cor ou raça. Finalmente, o último artigo abordou as condições socioeconômicas e de presença de saneamento e do entorno do domicílio na área urbana da Região Metropolitana do Rio de Janeiro a partir dos dados de 2010. Os resultados revelaram diferenças marcantes entre os indicadores a depender do município. A variável mais frequente foi “lixo acumulado no logradouro”. Observou-se que, tal como evidenciado na literatura, os brancos residiam em locais com melhores condições socioeconômicas, de saneamento e do entorno, e os pretos e pardos nos menos satisfatórios. Para indígenas, em alguns recortes analisados o padrão se mostrou mais próximo daquele da população branca. Em conclusão, a tese apresenta uma detalhada caracterização dos indígenas captados nos Censos de 2000 e 2010 no Estado e na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a partir de diferentes indicadores e recortes geográficos explorados, apontando para a ocorrência de desigualdades socioeconômicas e espaciais cuja interpretação requer nuançadas perspectivas que levem em consideração aspectos sóciohistóricos e demográficos. |
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