Repositorio Bibliográfico Biocultural

Somos un mismo pueblo con culturas diversas

Sumario: A obra Mar paraguayo (1992), de Wilson Bueno, revela-se desconcertante se examinada no conjunto da prosa recente da literatura brasileira, na medida em que traz elementos fora do comumente previsto, muito por conta de sua linguagem, que mistura línguas (português, espanhol, guarani) e não se encaixa em modelos pré-estabelecidos. Essas questões envolvem o fato de a personagem narradora ser uma prostituta paraguaia de origem Guarani, que realiza seu discurso oralizado em portunhol e na sua língua materna, misturando elementos da cultura ocidental e da cultura indígena, pouco valorizada numa sociedade ocidentalizada. Buscou-se respaldo na interculturalidade (WALSH, 2009) e na descolonização do pensamento (CUSICANQUI, 2010) como forma de reivindicar a pluralidade cultural apresentada na obra, dando destaque à origem Guarani da personagem e à forma situada geoculturalmente de pensar (KUSCH, 2007), mediada pelas emoções. Nesse sentido, considerou-se a obra como uma literatura escrita alternativa (LIENHARD, 1990), dado que apresenta elementos constituintes das identidades ameríndias. Para os estudos literários, sinaliza para a possibilidade de integração/interação de saberes de ontologias relacionais (ESCOBAR, 2016), importantes para o enfrentamento de problemas que têm afligido o planeta, dadas as relações de (con)vivência entre os povos, entre os seres e desses com a natureza.

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