Repositorio Bibliográfico Biocultural

Somos un mismo pueblo con culturas diversas

Sumario: Esta tese trata da relação dos Xavante de Marãiwatsédé, na região do Araguaia – Xingu, com seu território tradicional e o papel deste para manutenção da cultura do grupo. Para tanto o recorte temporal compreende mais detidamente o período que vai da década de 1960 ao momento atual. A década de 1940 também foi marcante na história do Povo Xavante, pois foi quando posseiros e colonos incentivados pela política getulista conhecida como “Marcha para Oeste” iniciaram um processo de expropriação dos territórios tradicionais Xavante, localizados no leste mato-grossense. Com a chegada destes à região, diferentes etnias, entre elas os Xavante, foram submetidos a um processo de dispersão em grupos em busca de isolamento. Entre estes, os Xavante de Marãiwatsédé, sujeitos desta pesquisa, se deslocaram para o nordeste mato-grossense, onde permaneceram num relativo estado de “isolamento” até meados de 1950, quando mais uma vez são atingidos por um grande empreendimento, ou seja, a expansão agropecuária. Nesse período, chega à região o “colonizador” Ariosto da Riva que adquire do governo do Estado de Mato Grosso uma extensa área de meio milhão de hectares em pleno território Xavante, onde se dá a abertura da fazenda Suiá-Missú, explorando, inclusive, a força de trabalho dos Xavante. Já nos anos de 1962, Ariosto associa-se ao grupo Paulista Ometto e com fartos recursos fiscais da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), a fazenda salta para 800 mil hectares, sendo considerado no período o maior latifúndio brasileiro. Em 1966, quando o grupo Ometto não mais necessitava da mão de obra Xavante, (alegando inúmeros incidentes entre os funcionários da fazenda e os índios), acaba negociando junto a Força Aérea Brasileira (FAB), a Missão Salesiana e ao Serviço de Proteção aos Índios (SPI) a transferência compulsória do grupo Marãiwatsédé, composto por 263 indivíduos para a Missão Salesiana de São Marcos, localizada a 400 km de distância ao sul do seu território, onde também se encontravam fragilizados outros grupos da mesma etnia. Na primeira semana morreram cerca de 80 pessoas desse grupo em consequência de uma epidemia de sarampo. Fragilizados, esse grupo acaba se dispersando por vários outros territórios Xavante, quando no início da década de 1980, o atual Cacique da Terra Indígena Marãiwatsédé, Damião Paridzáné dá início a reorganização do seu grupo, objetivando o retorno ao seu território de origem. No entanto, em 1992 a antiga fazenda Suiá-Missú, agora Agropecuária Suiá-Missú pertencia a Agip do Brasil S/A, subsidiária da estatal Italiana Agip Petróleo. Após longas discussões e pressões nacional e internacional, durante a Conferência Mundial do Meio Ambiente (ECO 92), ocorrida no Rio de Janeiro, representantes da Agip se comprometeram devolver uma parte do território original aos Xavante, o que não ocorre. No entanto no mesmo ano ocorre a invasão da área por um grupo de posseiros, que foram incentivados por grileiros e fazendeiros que permaneceram na área até 2013. Naquele ano ocorreu a desintrusão total depois de uma longa batalha judicial. Durante todos esses anos, a área com cerca de 165 mil hectares foi drasticamente descaracterizada, suas matas deram lugar a extensas plantações de grãos e pastagens para o gado, rios e córregos foram assoreados e contaminados, imprimindo assim enormes pressões sobre o habitat e o modo tradicional de vida do Povo Xavante de Marãiwatsédé. Assim, diante de tais acontecimentos, este estudo buscou compreender o papel do território na manutenção identitária dos Xavante de Marãiwatsédé. Ao final, demonstramos que o controle político sobre uma determinada área, ou seja, a territorialização é crucial para alterações mais ou menos profundas na cultura Xavante. Para tal nos apoiamos no método etnográfico, trabalhos de campo e revisões de literaturas especializadas.

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