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A presente tese tem por objetivo analisar, a partir do olhar historiográfico, alguns pressupostos inerentes à literatura histórica de Howard Fast. Fast (1914-2003), escritor novaiorquino de origem judaica, possui uma vasta obra literária publicada, ainda que um tanto desconhecida do grande público. Parte disto se deve ao fato de ter aderido ao Partido Comunista Americano (CPUSA) durante as décadas de 1940 e 1950, sofrendo, em consequência, a repressão anticomunista própria do período do macarthismo, que lhe impôs uma série de dificuldades editoriais. Neste contexto, o conjunto de sua obra se caracterizou por uma preferência por temas históricos e, até 1957 – ano em que se desligou do partido – por um acentuado tom de engajamento e de crítica social. Dessa forma, nos propomos a buscar compreender que concepções acerca da história dos Estados Unidos os romances de Fast apresentavam e veiculavam. Para tanto, analisamos os romances The Last Frontier (1941), que retrata o episódio das Guerras Indígenas conhecido como o êxodo do cheyenne (1878-1879); Freedom Road (1944), que aborda o período da Reconstrução (1863-1877) e a tentativa de integração da população negra à democracia americana; e The Passion of Sacco and Vanzetti (1953), que trata da execução de Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti, dois anarquistas italianos injustamente condenados à morte na década de 1920. Em um primeiro momento, traçamos um perfil dos principais pressupostos teóricos que compunham o universo conceitual da escrita e do pensamento de Fast neste período, enfocando, sobretudo, a dicotomia entre a sua adesão aos princípios comunistas e o seu comprometimento com os ideais americanistas de liberdade e democracia. A seguir, nos detendo mais diretamente nos livros que compõem nosso recorte de pesquisa, discernimos nestes romances três grandes concepções a respeito do passado: a ideia da história americana como uma história de lutas empreendidas pelas populações marginalizadas e oprimidas; como uma história de violência e discriminação a grupos sociais minoritários; e como uma história de defesa dos valores democráticos da nação. Neste sentido, partindo de recentes aportes historiográficos da chamada vertente narrativista, esta tese pretende defender o ponto de vista da literatura como uma forma legítima de representação histórica, capaz de articular de forma eficaz, na esfera pública, sentidos e compreensões acerca do passado. |
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