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Diante da potencial contribuição indígena para o cenário cultural e literário brasileiro e tendo em vista a escassez de estudos acadêmicos voltados à compreensão das narrativas e criações poéticas que têm o índio como autor/ criador, a presente pesquisa apresenta uma análise de um grupo de doze narrativas, contidas na obra Shenipabu Miyui, elaborada entre 1989 e 1995. As narrativas são de autoria coletiva dos índios Kaxinawá – dado que elas são provenientes da tradição oral – e o volume foi organizado pelo professor indígena Joaquim Mana Kaxinawá. As narrativas míticas que compõem a obra foram narradas em versões tanto na língua indígena Kaxinawá quanto em língua portuguesa, sendo, nesse caso, contadas por índios que dominavam a língua dos brancos. A presente pesquisa trabalha apenas com essas últimas – as quais foram narradas pelos próprios indígenas em português. O trabalho abrange basicamente três tópicos: a) discussão sobre a configuração, no Brasil, do que podemos chamar de literatura de autoria indígena; b) estudo do mito, visando-se principalmente suas características enquanto matéria cultural e literária, com enfoque nos mitos indígenas, que passam por um processo de migração da oralidade para a escrita, de modo a favorecer a conservação de suas histórias e costumes; c) análise das narrativas míticas, compostas em português, de Shenipabu Miyui, considerando esses textos enquanto realização literária ou estética; mostrando como se dá, nas histórias, a representação da visão de mundo (kaxinawá) integradora da realidade, principalmente através das metamorfoses fortemente presentes; e analisando a trajetória das protagonistas, apresentando, assim, as similaridades e especificidades desses textos em relação a outras narrativas populares |
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