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No contexto da formação docente para a educação básica, a formação de professores para o Atendimento Educacional Especializado (AEE) na Educação Escolar Indígena torna-se uma temática inovadora, instigante e complexa. Buscou-se neste estudo, o exame crítico da política de educação especial para as comunidades indígenas, o processo de investigação e reflexão com quatro professores envolvidos sobre as condições sociais, as práticas culturais e escolares construídas e que influenciam na prática pedagógica no interior do AEE das quatro escolas indígenas participantes da pesquisa. Assim, o objetivo geral foi desenvolver, em conjunto com os professores que atuam no AEE das escolas indígenas de Dourados, MS, um programa de formação continuada para investigar as ações pedagógicas presentes nas SRMs e analisar os impasses, os obstáculos e os desafios do AEE e da inclusão escolar. Os objetivos específicos foram: investigar com professores indígenas e não-indígenas o perfil de formação, suas necessidades e as temáticas prioritárias para a formação colaborativa; analisar os aspectos exitosos, os obstáculos e os desafios para a oferta do AEE; problematizar e refletir sobre as estratégias de intervenção e atuação pedagógica das SRMs; incentivar a formação de rede de apoio para a inclusão de estudantes indígenas com deficiência no ensino regular. O estudo foi desenvolvido por meio da pesquisa colaborativa, observação participante, fundamentadas nos aportes teórico metodológicos da sócio-antropologia, com ênfase nos Estudos Culturais. Foram organizadas duas etapas de trabalho e quatorze encontros: na primeira etapa, realizou-se a revisão bibliográfica e o estudo documental; na segunda, a entrevista coletiva para o levantamento das temáticas apontadas pelos professores. Foi também utilizado o Diário de Campo, contendo o registro dos atividades do percurso investigativo e a entrevista semiestruturada com dois professores que não puderam participar de todos os encontros. O ciclo formativo discutiu os seguintes temas: escolarização de crianças indígenas com deficiência na região da Grande Dourados; aspectos normativos e pedagógicos do AEE; avaliação das necessidades específicas; caracterização e práticas pedagógicas para a pessoa com deficiência intelectual; técnicas para estimular a fala de pessoa com paralisia cerebral; tecnologia assistiva e entre outros. Os dados foram analisados por meio da triangulação dos múltiplos pontos de vista dos professores e pesquisadores, permitindo a interação crítica e intersubjetiva, a comparação e o confronto entre os diferentes saberes e os dados da literatura. Nesse processo formativo, ressalta-se como aspectos positivos, a coprodução de conhecimentos, o uso da prática de investigação como estratégias de formação e o desenvolvimento profissional e a mudança das práticas educativas via estudo compartilhado. Os resultados evidenciaram que há necessidade de formação inicial/continuada para professores do AEE das escolas indígenas, conforme os preceitos da escola diferenciada, específica, bi/multilíngue, comunitária e intercultural. O AEE nas escolas estudadas enfrentam diversos obstáculos, tais como: espaço físico inadequado; carência de recursos e materiais didático-pedagógicos na língua Guarani; ausência de uma língua de sinais em Guarani; dificuldades na avaliação das necessidades específicas e formação continuada não específica para o contexto da aldeia. Os fatores mais enfatizados por todos os participantes foram a formação continuada dos professores da classe comum para atendimento às necessidades específicas no contexto da sala de aula, o entendimento do papel do AEE e a construção da articulação entre o AEE e a Escolarização Indígena. Por fim, as análises indicaram que para a superação desses desafios a política de formação precisa superar as práticas hegemônicas e transitar entre diferentes espaços intersticiais e fronteiras dos conhecimentos para a (re) significação do AEE numa perspectiva política, intercultural, capaz de mobilizar a participação e o exercício crítico do fazer pedagógico. |
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