Repositorio Bibliográfico Biocultural

Somos un mismo pueblo con culturas diversas

Sumario: A presente dissertação visa a investigar como a sobrevivência, tema colocado por Margaret Atwood como eixo central para o estudo da Literatura Canadense em Survival (1972), pode ainda ser relevante no estudo da Literatura Indígena Canadense contemporânea. Além disso, seguindo a linha de pesquisa das Relações Literárias Interamericanas, o trabalho objetiva buscar divergências e convergências no uso de tal temática na Literatura Indígena que, desde os anos 1990, se multiplica no Brasil. Tais literaturas foram escolhidas porque, após a chegada de exploradores e missionários nas Américas, culturas muito diferentes encontraram-se em uma zona de contato, na qual tiveram de buscar estratégias transculturais para se relocalizarem no mundo. A escolha de autores contemporâneos, os quais vivem em centros urbanos – apesar de manterem, em maior ou menor medida, uma conexão com suas culturas nativas – também foi consciente, visto que possibilita investigar como se dão, no âmbito da literatura, essas renegociações identitárias. Através do estudo das obras Green Grass, Running Water, de Thomas King, e Kiss of the Fur Queen, de Tomson Highway, o caso canadense é examinado. Em contrapartida, são analisadas as obras brasileiras Todas as vezes que dissemos adeus, de Kaká Werá Jecupé, e Metade Cara, Metade Máscara, de Eliane Potiguara, a fim de observar como se dá a sobrevivência indígena na literatura brasileira. A análise das quatro obras está calcada em um suporte teórico que, rejeitando nomenclaturas impostas pelo colonizador, começa a formar uma teoria literária indígena, marcada pela hibridação entre a visão tradicional nativa e o aporte ocidental. Dentre os teóricos e críticos que servem de base a esta análise, procuramos, sempre que possível, ressaltar o pensamento dos próprios autores analisados, mantendo, no entanto, o foco no conceito de literature of survivance de Gerald Vizenor. Embora tenham sido observadas importantes diferenças entre os casos canadense e brasileiro, desde a formação de suas literaturas indígenas até os aspectos privilegiados pelos autores em suas obras, nota-se que todos eles, bem de acordo com o que diz Vizenor, defendem a sobrevivência ativa e continuada das populações indígenas através de um processo de resgate das vozes indígenas, superando estereótipos e simulações cristalizadas.

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