Sumario: |
O objetivo desta tese é retornar a um corpus artÃstico produzido em um contexto histórico extremamente ativo nas artes indÃgenas canadenses. Depois de uma primeira onda de ativismo polÃtico nos anos 1970, incorporada no movimento Red Power e na literatura da chamada Native American Renaissance, o final do século XX constituiu-se em um novo contexto de mobilização. Em grande medida impulsionada pela proximidade do aniversário de 500 anos da chegada de Colombo à s Américas, uma nova geração de escritores e artistas visuais indÃgenas se engajou em reexaminar a história que levou a tal contexto. A publicação de suas obras coincidiu com um momento de extrema popularidade de estudos acadêmicos póscoloniais, pós-estruturalistas e focados em cultura e, consequentemente, foi extensamente analisada dessas perspectivas. Especialmente desde o inÃcio do século XXI, passaram a ser publicadas obras crÃticas de intelectuais indigenas nacionalistas, que se opõem a noções como hibridação e identidades fragmentadas para afirmar a especificidade dos diversos povos e culturas indÃgenas. Além disso, esses autores dedicam-se a produzir uma obra crÃtica engajada em refletir a longa história das tradições intelectuais e narrativas indigena, evidenciando que estas não se iniciaram com a colonização, com as residential schools – internatos para educação de indÃgenas – ou com a Native American Renaissance. A fim de refletir sobre esse contexto, localizo e relaciono as obras de Tomson Highway – escritor Cree – e Jim Logan – artista plástico Métis – na longa história da narrativa indÃgena. No segundo capÃtulo, introduzo o conceito de survivance do escritor Anishinaabe Gerald Vizenor e proponho que tal conceito pode servir de centro para a definição de uma ética e estética indÃgenas refletidas nas narrativas. Contrasto o referido conceito com alguns termos de teorias ocidentais sobre sobrevivência – experiência, trauma, testemunho – e considero suas limitações para tratar de obras fundadas em outras visões de mundo. Assim, também, busco na especificidade da cultura Anishinaabe o esclarecimento de como a teoria literária de survivance pode ser aplicada à s artes visuais e, assim, ampliar o próprio conceito de narrativa. No terceiro capÃtulo, apresento o debate corrente na crÃtica indÃgena e trato de examinar os motivos pelos quais Gerald Vizenor é criticado na crÃtica nacionalista e explico como seu fazer artÃstico e crÃtico pode, de fato, revelar uma identidade Anishinaabe profundamente nacionalista, fundada na tradição. Em seguida, aplico os fundamentos da crÃtica nacionalista para examinar o romance Kiss of the Fur Queen e pinturas de Jim Logan, a fim de propor interpretações fundadas nas tradições culturais indÃgenas que foram em grande medida obscurecidas pela aplicação do marco teórico ocidental. Em conclusão, reflito sobre a importância das histórias de Criação, que aparecem como traço em todo o corpus artÃstico e crÃtico e proponho que a survivance pode servir de centro para a compreensão dos parâmetros éticos e estéticos que guiam os seus autores. |
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