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Os povos indígenas no Brasil vêm experimentando, ao longo do tempo, experiências distintas de interação com a sociedade nacional. Não obstante, é inquestionável a intensidade dos processos de mudanças sócio-econômicas, culturais e ambientais, com amplos impactos sobre a saúde. A ineficiência dos sistemas de informações impossibilita o delineamento e a análise satisfatória do perfil epidemiológico dos povos indígenas, ainda que seja evidente que as doenças infecto-parasitárias representem uma das principais causas de morbimortalidade. O enteroparasitismo constitui um importante agravo à saúde indígena. Ainda que o número de pesquisas desenvolvidas nas últimas décadas seja reduzido, nota-se que têm crescido em número. O objetivo desta pesquisa foi avaliar, de forma crítica e sistematizada, a produção científica sob a forma de artigos, dissertações/teses e resumos de congresso que abordem o enteroparasitismo em populações indígenas no Brasil. Os resultados indicam que, apesar do aumento da produção científica abordando o tema e do incremento da complexidade metodológica dos mesmos, ainda há acentuadas lacunas no que diz respeito à qualidade dos dados apresentados. A ampla maioria dos estudos é de prevalência. Em muitos estudos não foi possível identificar quais foram os procedimentos amostrais utilizados, tendo em geral prevalecido a amostragem por conveniência. Uma importante parcela dos estudos não apresenta os resultados especificando a ocorrência do parasitismo por sexo e/ou idade. Há grande heterogeneidade quanto aos critérios de diagnóstico adotados, com predomínio de técnicas qualitativas. Poucos mencionaram técnicas para determinação da intensidade parasitária. Não há uniformidade quanto à apresentação os fatores de exposição, tornando difícil o resgate dessas informações. Em geral, os estudos apontam para altas prevalências de parasitismo por helmintos (sobretudo Ascaris lumbricoides e ancilostomídeos) e protozoários, bem como de poliparasitismo. Na parte final da dissertação, os achados são contextualizados levando em consideração o crescimento das pesquisas em saúde indígena no âmbito da saúde coletiva no Brasil. É também apontada a necessidade de uma maior padronização das pesquisas sobre enteroparasitismo, de modo a aumentar a comparabilidade e, eventualmente, subsidiar os serviços de saúde com informações relevantes para efetuar intervenções. |
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