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Cobra é o termo principal desta pesquisa, constituindo um conceito, um mapa e um personagem, para defender a ideia de que, na literatura brasileira, existe uma linhagem de escritores que praticam o que a tese chama de escrita ofÃdica. Os três nÃveis mencionados (conceito, mapa, personagem) são articulados pela maneira de proceder da Cobra, queaqui recebe o nome de desvio. Dessa forma, a tese começa por definir o que é esse desvio, cotejando-o com alguns conceitos contemporâneos da teoria da literatura. Nos primeiros capÃtulos, procura estabelecer os lugares desse desvio, notadamente, aquele de onde foi alojado o conceito de indigenismo literário, ainda muito usado para estudar certalinhagem de escritores brasileiros que assumiram a figura do Ãndio como referência fundamental para construir as suas literaturas. Propõe, assim, outra maneira de trabalhar com a chamada literatura indigenista e com os diálogos que ela assume a partir da Semana de Arte Moderna, em 1922. Com tal procedimento, delineia também outracartografia para a compreensão histórica dos chamados escritores indigenistas, e aplica o termo Cobra para sugerir um novo lugar que possa ser moldado não mais pelo referido conceito de indigenismo literário, mas pelo olhar que está emergindo da chamada literatura indÃgena, ou seja, pelos livros que estão chegando das aldeias. A partir dos mitos compilados, estudados e difundidos por meio de livros produzidos pelos próprios indÃgenas, ou por eles juntamente com estudiosos da literatura e da antropologia, de modo particular dos Ãndios kaxinawa (Acre) e sateré-mawé ( Amazonas), a Cobra toma dimensão de um personagem que vai percorrer (mapa, história), analisar (teoria, método) e dialogar com o cânone literário indigenista e com suas invenções contemporâneas. Esse olhar da Cobra recebe também o nome de mirada selvagem, uma visão que se esforça para assumir um perspectivismo amerÃndio, assim como é proposto por alguns estudiosos do campo da antropologia que se colocam nas sendas abertas pela filosofia selvagem de Nietzsche, Deleuze, Derrida, Agamben, além de Freud e Benjamin, entre outros. |
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