Sumario: |
A conjuntura evidencia crescentes incertezas econômicas, ambientais e sociais, que desafia a reflexões conjunturais e estruturais. Amplia-se a concentração e integração entre a agricultura, a produção de insumos, grandes complexos agroindustriais, redes de supermercados e o capital financeiro, exercidos por grandes corporações multinacionais, formando «impérios agro alimentares», que passam a controlar a produção e o consumo, provocando grandes mudanças na agricultura e estrutura agrária no Brasil, tomando fisicamente e ideologicamente os territórios. A agricultura familiar/camponesa interage com o modelo estabelecido, mas ao mesmo tempo busca resistir e opor-se ao mesmo através da construção de novas propostas de produção e comercialização e exercendo formas não capitalistas. Como resistência e também como base de uma nova proposta de desenvolvimento a agricultura familiar/camponesa tem função estratégica na produção, mas também na sua condição de multifuncionalidade em funções não imediatamente produtivas, como: – segurança e soberania alimentar; – geração de trabalho e renda; – conservação ambiental; – proteção e preservação da biodiversidade; – preservação cultural; – dinamização econômica; – e, o campo como forma de produção e modo de vida. Para aumentar a resistência, resiliência e autonomia relativa deste campo é necessária a reconstrução sustentável dos sistemas de produção através da recomposição da fertilidade, da produção para o auto consumo, da diversificação da produção, da reconstrução dos mercados e da transição agroecológica. A agroecologia exercida numa perspectiva transformadora assumida tanto numa condição mais tática de resistência e sobrevivência, mas, sobretudo na condição estratégica de enfrentamento do modelo capitalista e para estabelecer uma nova condição de relação produtiva positiva de convivência/existência na natureza e na sociedade. E, para torná-lo efetivo é necessária a qualificação estratégica e metodológica destacando-se a formação (técnica, tecnológica e política), a organização (produtiva, política e social – campo e cidade), e a multiplicação (horizontalização, massificação e verticalização) para a afirmação e articulação de múltiplos sujeitos. Para o exercício prático desse desafio, realizou-se construção de proposta através da pesquisa-ação participativa em 11 (onze) experiências de ATER desenvolvidas no Estado do Paraná, que envolveram mais de dez mil famílias, organizadas em centenas de grupos, comunidades, organizações e movimentos sociais no estado do Paraná. Foram construídos alguns instrumentos a destacar os planos familiares de transição agroecológica e obtiveram-se importantes avanços no exercício das metodologias participativas. Dentre os desafios evidencia-se a dificuldade de superação do enquadramento ideológico e metodológico da lógica capitalista neoliberal, e, a minimização da influência negativa resultante da forte pressão dos inúmeros atores do modelo agroquímico e industrial sobre as pessoas e sobre os projetos. |
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